A BIODIVERSIDADE COMO FONTE DE
ALIMENTO PARA A AGROPECUÁRIA
A biodiversidade como um dos mais importantes recursos de que o Semiarido Paraibano possui, dispõe de algumas inconsistências provocadas pelo homem que busca a cada dia degrada-lo com o superpovoamento de animais com baixo índice de suporte forrageiro, levando-os a uma sobrevivência forçada e em desequilíbrio com as ações de manejo.
O processo desenvolvido na base da pecuária do semiarido Paraibano tem provocado meios degradantes ao ecossistema e incompatível ao suporte alimentar em épocas de estiagem prolongadas, levando a morte de vários animais de diversas espécies, em especial os animais bovinos, visto serem a maior parte explorada pelas famílias rurais. Como se sabe, a necessidade alimentar desses animais é bem maior de que outras espécies. Isto em decorrência ao seu porte físico, que os fazem consumir muitos alimentos e necessitam de um espaço maior de área para pastejo.
Sabe-se ainda, que alguns animais como, caprinos, ovinos e asininos desenvolveram impressionantes mobilidades labial que lhes permitem colher os frutos pendentes das árvores e apanhar no solo as sementes caídas em uma verdadeira operação de raspagem. Isto demonstra a capacidade desses animais frente às adversidades de formação de pastagem, obrigando a encontrar meios de melhor poder utilizar os alimentos escassos e disponíveis em épocas de secas. É na verdade, o ensino que a natureza aplica à condição de sobrevivência e competitividade neste espaço do semiarido Nordestino.
O sistema de criação e a capacidade de apascentamento nas diversas propriedades/imóveis rurais apresentam inconsistência ao suporte forrageiro, bem como, à unidade animal por hectares.
Via de regras os pecuaristas da região não atendem as normas contidas nas Leis Ambientais vigentes que asseguram medidas de proteção para a manutenção do equilíbrio ambiental, com uma nova visão de convivência com as áreas de preservação e reservas florestais, respeitando valores, onde a natureza seja fonte de vida e de equilíbrio social.
Para suprir as inconsistências sugerimos: recursos, meios e alternativas metodológicas. Exemplos de
Que seja intensificado trabalhos de pesquisa para o afloramento das potencialidades protéica e nutricional de nossas plantas xerófilas visando proporcionar alimentação para nossos animais. Utilizando padrões técnicos para o suporte forrageiro e como uso de banco de reserva estratégica;
Habilitar as famílias rurais em tecnologias indispensáveis ao processo de formação, produção, armazenamento e utilização de forrageiras de pisoteio e de corte para o manejo alimentar dos animais;
Facilitar o acesso às informações básicas quanto à construção de silos, fenação e outras técnicas utilizadas no processo de armazenamento e conservação de forragens;
Propor condições para a atualização de conhecimentos nos aspectos de legislação ambiental;
Rever os sistemas de criação extensiva e intensiva, equacionando-os às disponibilidades de áreas, pastagens e unidade animal/hectares;
Apresentar meios, recursos e métodos capazes de proporcionar aos pecuaristas/agricultores familiares condições para o aproveitamento racional dos alimentos ora existente;
Oferecer aos pequenos criadores uma extensão rural e assistência técnica contínua com informações a luz dos olhos e conhecimentos tecnológicos das atividades agropecuárias e sua extensão em toda cadeia produtiva;
Orientar a aplicabilidade de parte, percentagem dos recursos dos Projetos de Financiamento de Investimento Rural para formação de culturas forrageiras;
Dar ênfase para elaboração de Projetos que visem à retenção da água, Construção de pequenas barragens de superfície e subterrânea, bem como, na perfuração de poços. Utilizando os recursos disponíveis do PRONAF – SEMIARIDO;
Orientar e financiar com recursos do PRONAF, o consórcio da Caatinga+Palma Forrageira, através do raleamento da caatinga e a introdução da palma;
Em áreas apropriadas efetuar o plantio da palma adensada irrigada visando uma maior produtividade por hectares e um melhor suporte forrageiro para os animais;
Orientar o plantio de sorgo forrageiro e outras forragens para corte, visando à formação de silagem;
Realização de campanhas informativa e conscientização para preservação e conservação das plantas xerófilas e seu aproveitamento racional na alimentação animal;
Outras medidas que possibilitem a construção de reservas hídricas, visando à formação de pastagem que apresente condições resistentes as nossas adversidades climáticas;
A biodiversidade nos proporciona amplas condições de convivência nesse Semiarido Nordestino basta querer desenvolver as potencialidades existentes. O que falta realmente é vontade e projetos políticos econômicos voltados ao impulsiona mento das atividades produtivas, base primária da economia dessa região que dispõem de diversas alternativas para o Desenvolvimento Sustentável.
Essas são apenas minúsculas demonstradas de uma imensidão de atividades adormecidas que fazem a diferença do atual estado de sobrevivência para um futuro de divisas econômicas e sociais que ainda não brilharam nos olhos da maioria dos nossos representantes políticos administrativos.
Todos sabem que a nossa economia passa pelo setor produtivo rural base primária para o desenvolvimento sustentável e fonte essencial para a segurança alimentar humana e animal. Não é falta de recursos financeiros o principal problema que entrava essa atividade produtiva e sim, falta de conhecimento para os atores do processo. Sobretudo falta de querer, vontade e consciência da maioria dos nossos gestores administrativos municipais.
Todavia antes dos pleitos eleitorais todos defendem a bandeira da educação, saúde e alimentação – agricultura. Sim antes do pleito eleitoral.
A indicação de pessoas despreparadas para conduzir pastas/secretarias importantes para o bom desenvolvimento das atividades socioeconômico são fatores provocadores de impactos negativos ao progresso X desenvolvimento.
O êxodo rural é cada vez mais visível, visto o processo de dês-socialização forçado por parte de alguns gestores municipais, através do fechamento de escolas na zona rural e transferindo crianças e adolescentes para estudarem em escolas na sede dos municípios. Fato que demonstra que após a conclusão de ensino fundamental e médios poucos voltam a conviver na zona rural e trabalhar a agricultura.
O importante e essencial seria trabalhar o sistema de comunidades de aprendizagem mantendo as pessoas em seu habitat natural e deixar a critério dos mesmos o poder de escolha.
O fortalecimento das unidades escolares na zona rural e calendários escolares diferenciados e compatíveis às atividades produtivas rurais, bem como grade curricular diferenciadas com inclusão de matérias e ou temas transversais ligados a sustentabilidade ambiental.
O campo pede socorro. A fonte energética de vidas pede socorro. Associem a luta pelas vidas.
Marizópolis – PB, 15 de setembro de 2009.
José Marques Furtado
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